MOTOBOY/SP
Ronaldo, pai de 3 filhos, avô, há mais de 20 anos em cima das motos.
Ilda, ex-detenta, que luta pela ressocialização e pela classe das Motogirls.
Edgard da Silva, o Gringo, encabeçando a AMABR e
David Santos, atleta paralímpico, pai e entregador.
O Motoboys SP foi uma série documentária de 2 Episódios para a TV Globo,
que propôs um mergulho na vida desses trabalhadores, essenciais para o funcionamento das grandes cidades, mas, muitas vezes, invisibilizados e marginalizados.
  A série, na qual além de co-dirigir a fotografia, também fui responsável pelas fotos documentais das histórias de desses 4 personagens.

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VOADORES

Se você olhar bem, bem mesmo, você vai perceber que as pessoas não tão nem aí pra esses gigantes caindo em cima delas. Um grandessíssimo equívoco pessoas…

Um ensaio com base na obra  "Crianças Suspensas” de Antonio Obá na Pinacoteca de São Paulo. São bandeiras com os corpos de crianças suspensos no ar por algum ato de brincar. 

A ideia dele veio de uma tradição afro-norte-americana, de botar bandeiras e garrafas em árvores para afastar os maus espíritos. Antonio faz isso numa instalação em Amsterdam com suas bandeiras.  Mas a ideia dos desenhos dentro das bandeiras vem de algo ainda mais profundo.

A inspiração veio de uma questão extremamente bizarra dos Estados Unidos. Fotografias de linchamento de pessoas negras e a criação de cartões postais dessas imagens na época das leis Jim Crow. Uma das coisas que chamou a atenção dele nas imagens foi como aqueles corpos perdiam o chão, além do horror de toda essa história.

E para lidar com isso Antonio pega e subverte o horror daqueles corpos suspensos, com a leveza e a alegria dos corpos suspensos dessas crianças se divertindo. Ele pesquisou em registros fotográficos cenas de crianças brincando, em momento de salto. E aí é claro que eu penso que essas minhas fotos poderiam estar nessa pesquisa. E aí (de novo) depois de parafrasear ele todo, cito ele aqui:

“Esses corpos perdem o chão, mas não mais pela dor, pela leveza e pela alegria. E pela segurança de estar no ar, o prazer de estar no salto, o prazer de uma leveza, de tirar o pé do chão e se colocar momentaneamente numa situação de subversão da própria realidade.”
Renê Baldissera
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PASSINHO PARA O FUTURO

Aí man, pega o passinho.
Impossível passar despercebido. Nóis, tudo gringo.
A tia, do nada, cáquela caradura de tia, tentou se meter na dança,
pra prontamente ser desafiada: "AÍ TIA, BORA!"
Deu uma rebolada, saiu sorrindo.
Cáquele constragimento, como se tivesse tropessado e ninguém visto, descobriu sua imprudência.

A câmera é uma benção nessas horas. Posso participar. A energia. Contagia.
Maestria e diversão. Contagia. Os muleque mestre, viu!
Rio de Janeiro, Janeiro de 2023
Renê Baldissera
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BLURRED BEAUTY


As formas se confundem na névoa.
Beleza perdida nas linhas borradas.

Trêmulas no calor.
Na escuridão, pintam-se linhas de luz fraca.
Onde os olhos se perdem.

A beleza, uma vez pura e apreciada.
Se mistura com o medo de uma sina seviciada.

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